terça-feira, 12 de novembro de 2013

Meu rosto em seis meses


Começo esse post com essa foto, a evolução do meu rosto em seis meses de tratamento contra a Leucemia.




Fiquei sem um fiapo de cabelo pra contar história, nas últimas quimios o pelo do meu corpo caiu todinho, inclusive das “partes”.  No início do tratamento, pesava 71 quilos e no final cheguei a pesar 89 quilos. Engordei quase 20 quilos, na verdade fiquei inchado pelo uso de dexametasona ou o nome mais comum, decadrom, um corticoide que era administrado diariamente em altas doses. Lembro-me de quando a enfermeira chegava no quarto para aplicar, era uma história, às vezes eu sentia uns enjoos e às vezes começava uma coceira que ia da raiz do cabelo, na virilha e até no pé, não era muito agradável, mas...

Muita coisa aconteceu naquele hospital durante esse tempo de tratamento, eu tive muita sorte.  Conheci muita gente legal, me diverti horrores, até cerveja sem álcool eu tomava (meio que escondido pra não causar dúvidas em ninguém) nos jogos de futebol e olímpiadas. Era massa. Jantarzinhos românticos com a minha neguinha ao som de bombas injetoras. Eu era conhecido como o menino do jardim heheheheheh comédia... No começo eu tive que brigar por isso, mas depois eles cederam.  Vou explicar... No Hospital Brasília em
Jardim Hospital Brasília
Brasília tem um jardim muito bonito para pacientes e funcionários. Eu gostava de ir pra lá todos os dias, pelo menos duas vezes no dia, eu gosto de pisar no mato, tomar sol e ver gente, bicho. Mas o hospital não permite pacientes internados visitarem o jardim sem a presença de um acompanhante do hospital, de preferência um fisioterapeuta para garantir a sua segurança e bla bla bla.... Mas eu ia passar praticamente seis meses ali, e de forma alguma eu precisava de babá, eu sabia que tinha épocas que por medida de segurança eu não podia sair do quarto, mas até aí tudo bem. Mas se eu estava bem eu só avisava e ia. Isso deu alguns desentendimentos no hospital no começo, mas depois tudo se acertou. As enfermeiras falavam “o William gosta de ir pro jardim pra espairecer... hahahhahahahah”  eu só ria... Lembro bem de algumas pessoas, mas sou muito ruim de nome, lembro da Sorriso, gente finíssima. Esse não era o nome dela, mas dá pra imaginar o porquê do apelido, né. Ela que trazia aquelas deliciosas comidas do hospital. Tinham dois gaúchos também,  uma mulher, a Arlete, que ficou me devendo um churrasco, e o Leo gente boa e muito engraçado. Tem também o Guilherme, cara super responsa.  Os médicos que me acompanharam nessa primeira fase do tratamento foram o Alessandro, que foi o primeiro que conheci, o Gustavo, meu médico titular, Grande Sr. Gustav! A Elaine, positive vibration sempre! E o Rodrigo, esse ficou boa parte dos seis primeiros meses me acompanhando, ele foi o médico que mais fez as aplicações de quimio na coluna em mim, a intratecal. Gente fina, gostei muito de conhecer ele. Por isso que eu volto a afirmar, acho que tive muita sorte e o mais impressionante é que acho que continuo tendo muita sorte em várias coisas.


O Malvado Pai da Noiva
O medo do casal
É massa ver como tem gente se preocupando com você no mundo, saca só... no intervalo de uma das internações teve a tradicional festa Junina da Dona Vaneida, minha sogrinha. Aí surgiu a ideia de criar a ACCW, Associação de Combate ao Câncer do William (ACCW) kkkkkkkkkkkkkk. A gente fez o bar da festa e cobrou um convite, a comida cada um trazia algo pra ser compartilhado na festa e no final a renda do bar e do convite ia ser doada para ajudar a pagar meu tratamento. Fiquei de cara!! Não lembro bem o total, mas foi uma graninha boa!! Deu gente pra caramba teve quadrilha, teve o tão sonhado casamento da Anna Julia, engraçadíssimo, foi massa!



No intervalo da sétima para a oitava seção de quimioterapia a gente organizou uma campanha de doação de sangue na faculdade onde estudo. Foi muito legal também. A Cíntia comentou com a Mônica, que é a coordenadora do meu Curso de Getão Ambiental da FUP - Faculdade UnB de Planaltina, sobre a vontade de fazer uma campanha de doação de sangue na FUP, a Mônica sem pestanejar topou na hora. A Cíntia foi no Hemocentro de Brasília pra ver como funciona o esquema de coletas fora.

Essa parte ela vai contar no próximo post.
 

4 comentários:

  1. Will, sou seu leitor... mesmo que não haja nenhum comentário, saiba que sempre tem alguém lendo seu blog. Venho aqui te desejar um 2014 com muita paz, saúde, um ano cheio de vitórias e conquistas. Você é muito especial. Abraços fraternos.

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  2. Will, muito bom saber da tua luta e da tua força, até das risadas irônicas e necessárias para seguir lutando de bom humor. Se um dia tu leres os comentários, saibas que sempre tem alguém passando por isso e acaba por tirar forças da tua jornada! Grande Abraço, segue vida!

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  3. Wil, como vai? Ao ler o seu blog fiquei muito tranquilo, pois a minha esposa foi diagnosticada LLA pré B, está no Segundo ciclo, quero que você saiba os seus relatos foi muito importante para o momento em que estamos passando. Força, fé e determinação!!

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